Efeitos Ontológicos ao Feitio Antropológico

Autores

  • Mário Eugênio Saretta Doutorando pelo PPGAS/UFRGS. Bolsista do CNPq.

Resumo

Este artigo advém de uma pesquisa etnográfica realizada em uma Oficina de Criatividade no Hospital Psiquiátrico São Pedro, localizado na cidade de Porto Alegre. A capacidade de realizar uma etnografia com as pessoas em situação de pacientes psiquiátricos parece um desafio ao enfrentar problemas que estão na base da própria consolidação da disciplina antropológica e dos pressupostos filosóficos que a constituíram, pois se refere a problemas que envolvem a definição de identidade, de natureza, de cultura e de representação, explorando limites que desassossegam a própria posição de juízo ontológico. Aqueles que estão no hospital psiquiátrico na situação de pacientes seriam diferentes demais  para que a disciplina que se propõe relacionar-se com a diferença possa levá-los a sério como objeto e, simultaneamente, sujeitos de pesquisa? Inicio o artigo explicitando algumas questões teóricas que me fizeram optar por recusar tomar as categorias psiquiátricas a priori como categorias analíticas satisfatórias para a demarcação de alteridade e priorizo a descrição etnográfica a partir de uma participante da Oficina de Criatividade para contribuir na qualificação do debate acerca da multiplicidade ontológica. Com este fim, destaco processos de produção de subjetivação a partir do hospital psiquiátrico, os quais são desconsiderados quando maiorias morais assumem, através de um conhecimento especializado, a capacidade de definição da realidade.

Downloads

Publicado

2015-05-12