“Yepalogia”: um experimento de reflexividade indígena e de antropologia simétrica

Autores

  • Lorena França
  • João Paulo Lima Barreto
  • Ernesto Belo

Resumo

Alunos indígenas da pós-graduação em antropologia social da UFAM, professores orientadores e esquisadores de apoio técnico formam uma equipe de trabalho com o objetivo de desenvolver coletivamente uma obra sobre os conhecimentos Yepamahsã (tukano). A empreitada iniciou-se dentro de um projeto do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) que buscava compreender antropologicamente os “conceitos práticos e discursivos ancorados nas cosmologias indígenas”. O exercício reflexivo em questão seguiu uma proposta, lançada anos antes, em defesa de uma ‘antropologia plural, simétrica e cruzada’ (Mendes dos Santos e Dias Jr, 2009), a qual foi refinada e amadurecida pelo ingresso dos alunos tukano na pós-graduação. Essa experiência analisada aponta para dois momentos e dimensões: um, contínuo, entre 2015 e 2016, no âmbito das discussões coletivas do NEAI e outro pontual, fora do espaço universitário. O primeiro estimula e alimenta o exercício de reflexividade indígena que visa pensar o pensamento, no processo de identificar categoriais e conceitos que melhor deem conta de expressar as ideias Yepamahsã, desfazendo-se, pouco a pouco, das noções científicas e cristãs sedimentadas pela instituição escolar. O outro momento refere-se a um encontro desses alunos indígenas, já munidos de certos estratagemas da tradução antropológica, com detentores do conhecimento Yepamahsã – os kumuã –, num simpósio organizado em São Gabriel da Cachoeira (AM), com o objetivo de apresentar e debater os esquemas conceituais que eles vinham desenvolvendo. A partir disso, como então trazer os conhecimentos produzidos em uma possível teoria Yepamahsã para ser inscrita de modo simétrico no modelo de escrita e sistematização do conhecimento antropológico?

Downloads

Publicado

2019-08-13