A micropolítica e a segmentaridade da Rede Puxirão dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná

Autores

  • Josiane Carine Wedig

Resumo

Este artigo discute a atuação da Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná (que reúne faxinalenses, quilombolas, indígenas, benzedeiras, membros de religiões afro-brasileiras, cipozeiros, pescadores artesanais e ilhéus). Reunir-se coletivamente nesse espaço da Rede Puxirão requer dos agentes um exercício constante de alteridade, um movimento por meio do qual se deslocam de sua própria condição por meio da relação que estabelecem com os outros, através de uma micropolítica da percepção, da afecção, do
diálogo etc. São, portanto, afetados, modificados e compostos como sujeitos individuais e coletivos. Nessa inter-relação, buscam construir um modo de reconhecimento mútuo, em que aquilo que afeta um segmento passa a ser considerado pelos demais nos encaminhamentos coletivos das lutas que realizam. Os segmentos se organizam coletivamente na Rede Puxirão, sem, contudo, se unificar, ou seja, as suas diferenças não se
dissolvem na identidade do todo: ao mesmo tempo que eles se aproximam para realizar lutas conjuntas, cada segmento, e mesmo cada grupo, continua a realizar suas lutas específicas. Buscamos, desse modo, compreender como ocorre a organização política e que ações coletivas realizam e enunciam esses segmentos, em torno de demandas territoriais e de reconhecimento. Consideramos que, nas ações e nas enunciações desses grupos, há elementos importantes para pensar os movimentos sociais e a política na atualidade.

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Publicado

2019-08-14

Edição

Seção

ST12 - Mapeamento de controvérsias, cartografias micropolíticas e narrativas etnográficas - avaliando possibilidades de conexões transversais