Transformações na morfologia fluvial decorrentes do rompimento da Barragem de Fundão: estudos preliminares
DOI:
https://doi.org/10.20396/sbgfa.v1i2017.2543Palavras-chave:
Tecnógeno. Fotointerpretação. Feições fluviais. Barragem de FundãoResumo
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana-MG, promoveu alterações geomorfológicas sem precedentes na história brasileira. O fluxo de rejeitos percorreu o corredor hídrico desde o córrego do Fundão até o Oceano Atlântico. Obviamente, o perfil fluvial não foi afetado homogeneamente, pois a energia do sistema e a dissipação dos sedimentos promove ambientes preferenciais para o acúmulo do material. Todavia, sabe-se que o trecho até a UHE Risoleta Neves foi o mais afetado pelas transformações das morfologias fluviais originais. Esse trabalho mapeia feições de calha e planície, entre a barragem de Fundão e a UHE Risoleta Neves, existentes antes do rompimento. Foram selecionadas imagens de satélite (software Google Earth Pro®), onde, via fotointerpretação, foram vetorizadas as feições fluviais e os depósitos de rejeitos. Somou-se a isso a interpretação topográfica para construção do perfil longitudinal desse trecho. Neste trabalho são discutidas as transformações morfológicas identificadas, associando-as ao perfil e à morfologia dos canais. Os resultados mostram significativa perda na geodiversidade dos canais, com destruição de feições de grande relevância ecológica e social.
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