ORDENAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL DE AMBIENTES COSTEIROS: O CASO DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL

Autores

Palavras-chave:

Legislação Ambiental, Zoneamento, Estado da Bahia, Zona Costeira

Resumo

Ao se referir às peculiaridades ambientais dispostas na zona costeira da Região Nordeste do Brasil, em especial à zona costeira baiana, no que concerne ao Ordenamento e Gestão Territorial, há um cenário desafiador. Atividades econômicas de exploração petrolífera, industrial, portuárias, turismo e especulação imobiliária são destaques no sentido da urgente necessidade de regulamentação. A proposta deste artigo é levantar reflexões acerca da legislação e efetividade da política de ordenamento territorial costeira no estado da Bahia. Frente a isso, sabe-se que na tentativa de orientar a utilização racional dos recursos na zona costeira brasileira, têm destaque a Lei Federal nº 7.661/1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. No estado da Bahia, o cenário de Ordenamento e Gestão Territorial é ainda mais complexo, quando comparado aos avanços em algumas partes do território nacional. Nota-se que somente em 2018, voltou-se a debater sobre a tentativa em se construir planos municipais de gerenciamento costeiro, na tentativa de atribuir aos municípios o controle de gestão litorâneos, descaracterizando os processos sistêmicos em escala supramunicipal, o que é um problema tendo em vista a dimensão no Estado e a descentralização da gestão a partir da demanda crescente pelos Planos Municipais de Gerenciamento Costeiro, seguindo indicações da própria GERCO/BA. Cabe mencionar neste momento que a implementação de tais normativas e decretos a fim de gerenciar a zona costeira, por vezes nascem de ações exigidas em acordos internacionais, em descompasso com as necessidades das populações habitantes, sua diversidade étnico-cultural e a fragilidade dos aspectos naturais presentes no litoral baiano.

Biografia do Autor

  • Regina Célia, Universidade Estadual de Campinas

    Possui Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996), Mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (1999), Doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003) e Pós doutorado em Geoecologia da Paisagem pela Faculdade de Geografia da Universidade de Havana/Cuba (2019). Atualmente é professora livre docente da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Análise Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: Geomorfologia e Planejamento, Zoneamento Ambiental e Gestão de Zonas Costeiras.

Referências

ALVES, N. M. S. Análise geoambiental e socioeconômica dos municípios costeiros do Litoral Norte do Estado de Sergipe – diagnóstico como subsídio ao ordenamento e gestão do território. 2010. 348 f. Tese (Doutorado em Geografia), Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2010.

AMORIM, R. R. Análise geoambiental como subsídio ao planejamento no uso e ocupação das terras da zona costeira da região Costa do Descobrimento (Bahia). 2011. 283 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/286678>. Acesso em: 18 ago. 2018.

BAHIA. Decreto nº 10.969 de 14 de março de 20089: Institui a Coordenação do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro e a Comissão Técnica do Estado da Bahia para o Acompanhamento do Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima/ Projeto Orla - CTE/BA, na forma que indica, e dá outras providências. Disponível em: <https://governo-ba.jusbrasil.com.br/legislacao/75079/decreto-10969-08>. Acesso em: 30 ago. 2022.

BAHIA. Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia – SEMA. Caracterização da Zona Costeira do Brasil. 2022. Disponível em: <http://www.meioambiente.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=137>. Acesso em: 09 jun. 2022.

Bahia. Secretaria do Meio Ambiente. Caminhos para construção de um Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro / Secretaria do Meio Ambiente. – 1. ed. – Salvador: EGBA, 2018. Disponível em: <https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/patrimonio-da-uniao/destinacao-de-imoveis/arquivos/2018/cartilha_gerco-bahia-caminhos-para-construir-um-plano-municipal-de-gerenciamento-costeiro.pdf>. Acesso em: 20 set. 2022.

BAHIA. Secretaria do Meio Ambiente. Caminhos para construção de um Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro - Secretaria do Meio Ambiente. Salvador: EGBA, 2018. 37p.

BAHIA. Zoneamento Ecológico Econômico Preliminar - ZEE-BA. 2020. Disponível em: <http://www.zee.ba.gov.br/?page_id=416>. Acesso em: 20 set. 2022.

BRASIL. Decreto nº 5.300 de 7 de dezembro de 2004: Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5300.htm>. Acesso em: 05 ago. 2022.

BRASIL. Decreto nº 5.377 de 23 de fevereiro de 2005: Aprova a Política Nacional para os Recursos do Mar – PNRM. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5377.htm>. Acesso em: 05 ago. 2022.

BRASIL. Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988: Institui o Plano Nacional de gerenciamento Costeiro e dá outras providências. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7661.htm>. Acesso em: 09 jun. 2022.

BRASIL. Ministério do Meio ambiente. Zona Costeira e Marinha. 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/ecossistemas-costeiros-e-marinhos>. Acesso em: 09 jun. 2022.

BRASIL. Ministério do Turismo. Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo – Prodetur Nacional – Programação. 2015. Disponível: <https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/convenios-e-transferencias/projetos-apoiados-pelo-ministerio-do-turismo/programa-nacional-de-desenvolvimento-do-turismo-prodetur-nacional-programacao>. Acesso em: 09 jun. 2022.

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. Editora Blucher, 1999.

GALVÃO. A. C. Prefácio. In: Para pensar uma política nacional de ordenamento territorial. Anais da Oficina sobre a Política Nacional de Ordenamento Territorial. Brasília, 13-14 de novembro de 2003. Ministério da Integração Nacional / Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional, 2005.

GIRÃO, O.; CORREA, A. D. B. A contribuição da geomorfologia para o planejamento da ocupação de novas áreas. Revista de Geografia, n. 21, v. 2, p. 36-58. 2004

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. IBGE em parceria com a Marinha do Brasil lança o Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas. 2011. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo.html?busca=1&id=1&idnoticia=2036&t=ibge-parceria-marinha-brasil-lanca-atlas-geografico-zonas-costeiras-oceanicas&view=noticia#:~:text=Devido%20a%20fatores%20hist%C3%B3ricos%20relacionados,50%2C7%20zmilh%C3%B5es%20de%20habitantes>. Acesso em: 09 jun. 2022.

MAGALHAES, J.P.R ; GONCALVES, R. R. ; OLIVEIRA,C.R. . ESTRUTURA ECONÔMICA DA REGIÃO COSTEIRA NORDESTINA: UMA ABORDAGEM DO TIPO INSUMO-PRODUTO.. In: XIX Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos. XIX ENABER, 2021, 2021, REMOTO. XIX ENABER, 2021. Disponível em: <https://brsa.org.br/wp-content/uploads/wpcf7-submissions/4346/COM-ID-.pdf>. Acesso em: 20 set. 2022.

MEIRELLES, M. S. P.; JONATHAN, M.; FERRAZ, R. D.; ARVOR, D. Subsídios da Geomática para a Avaliação da Influência da Dinâmica do Uso do Solo nos Serviços Ecossistêmicos, 2007. In: BRANQUINHO, F.; FELZENSZWAL, I. Meio Ambiente: Experiências em pesquisa multidisciplinar e formação de pesquisadores. Ed. Mauad Ltda, Rio de Janeiro, p. 113-130, 2007.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Macrodiagnóstico da zona costeira e marinha do Brasil. Brasília, 2008. Disponível em: <https://gaigerco.furg.br/images/Arquivos-PDF/MDZC-Dinamica_da_populacao.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2022.

NICOLODI, J. L.; ASMUS, M. L.; POLETTE, M.; TURRA, A.; SEIFERT JR, C. A.; STORI, F. T.; GONÇALVES, R. K. Critical gaps in the implementation of Coastal Ecological and Economic Zoning persist after 30 years of the Brazilian coastal management policy. Marine Policy, p. 128, 2021.

RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. D.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia da paisagem: uma visão geossistêmica da análise ambiental. Fortaleza: EDUFC, 2022, 6º ed.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia: Ambiente e Planejamento. In: OLIVEIRA, A. U. (Org.). Coleção repensando a Geografia. São Paulo: Contexto, 1990.

RÜCKERT, A. A política nacional de ordenamento territorial, Brasil: uma política territorial contemporânea em construção. Scripta Nova: Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, n. 11, v. 64. 2007. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/9porto/aldomar.htm>. Acesso em: 22 set. 2022.

SANTOS, M. C. F. Análise geoambiental da região da Costa do Cacau - Bahia. 2012. 178 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000881815>. Acesso em: 1 abr. 2022.

SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004.

SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia: com novo pós-escrito. Editora Companhia das Letras, 2015.

SOUZA, S. O. Proposta de zoneamento geoambiental como subsídio ao planejamento do uso e da ocupação na Região Costa das Baleias (Bahia). Tese (Doutorado em Geociências). UNICAMP – Campinas, 2017.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA – SEI. Instrumentos de Planejamento Ambiental. 2022. Disponível em: <http://www.seia.ba.gov.br/instrumentos-de-planejamento-ambiental/zoneamento-territorial-ambiental-zta>. Acesso em: 20 set. 2022.

VASCONCELOS, M. P.; CARBONE, A. S.; SOARES, C. P.; RIBEIRO, D. G. Revisitando conceito e princípios de ordenamento territorial na realidade brasileira. Jornal da USP. 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/artigos/revisitando-conceito-e-principios-de-ordenamento-territorial-na-realidade-brasileira/>. Acesso em: 20 ago. 2022.

VILAR, J. W. C. ORDENAMENTO TERRITORIAL DE AMBIENTES COSTEIROS: REFLEXÕES A PARTIR DE SERGIPE-BRASIL. Revista Geográfica Acadêmica n. 14, v. 2, p. 123-140, 2020.

Downloads

Publicado

2022-12-02