Tecnosfera e psicoesfera da sala de aula mediada pelo uso de plataformas digitais na educação básica no Brasil
Palavras-chave:
educação básica, tecnologias digitais, território brasileiroResumo
O modo desigual, muitas vezes excludente, com o qual os objetos técnicos vêm alterando o contexto de relações socioespaciais nos territórios é perceptível no território brasileiro e, na educação básica, afeta diretamente as relações e configurações das salas de aula. Se faz presente - ou em muitos casos ausente - a tecnosfera, quando se reconhece os objetos técnicos e as materialidades empregadas no nosso tempo e no território para reconfigurar a sala de aula; enquanto a psicosfera dá novos sentidos ao uso desses objetos, estimulando imaginários e combinando a ampliação de seus usos com concepções de que são caminhos irreversíveis para uma educação alinhada com os avanços tecnológicos, no entanto, intencionalidades são obscurecidas pela sensação de novidade. Diante desse contexto, o presente trabalho tem por objetivo tecer considerações acerca do uso de plataformas digitais, no âmbito das propostas de reconfiguração das salas de aula na educação básica que avançam desde 2015 nas escolas brasileiras e se ampliaram com a disseminação da COVID-19 em 2020. Para tanto, faz-se um estudo teórico-empírico considerando a teoria miltoniana sobre o sistema de objetos e ações, tecnoesfera e psicoesfera das propostas de salas de aula mediadas pelas plataformas digitais na educação básica, e se propõe uma análise de dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD) nos seus metadados sobre as tecnologias da informação (2016-2018) e do Censo Escolar 2020. Considera-se que, no contexto brasileiro, o acesso e uso das plataformas digitais avançam em um ritmo sem precedentes na história recente, dada a convergência entre tecnoesfera e psicoesfera, mas que ainda assim não estão efetivamente combinadas dependendo da realidade socioeconômica das escolas e das salas de aula de educação básica.