Minerais e pedras preciosas do Brasil
Resumo
Este livro, publicado simultaneamente em duas línguas, Português e Inglês, resulta, antes de tudo, da paixão por minerais nutrida por seus autores, um geólogo e um jornalista, que empreenderam vasta pesquisa, ao longo de muitos anos, somando-a com a experiência acumulada no trabalho e nohobby. E é claro que seu público primordial são aqueles, profissionais ou leigos, que compartilham do fascínio por minerais e gemas. Porém, o livro certamente será de interesse e utilidade para um público mais amplo, devido a suas características.
A primeira delas é a indiscutível qualidade gráfica, garantida pelo patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce: o livro todo foi impresso em papel brilhante, com enorme quantidade de fotos, mapas e reproduções de gravuras. De fato, os minerais e gemas aí aparecem em toda a sua exuberância e há imagens de tirar o fôlego. A segunda característica relevante é a abrangência espacial e temporal, que no caso encontram-se inter-relacionadas. Cornejo e Bartorelli partem da premissa, bastante correta, de que os minerais sempre estiveram presentes na vida das sociedades e civilizações. Assim, abrem o livro com capítulos dedicados ao período pré-colonial: “A arte lítica dos índios do Brasil”, “Os ídolos e estatuetas dos sambaquis”, “Objetos de arte lítica, ritual, artística e ornamental”, e “Muiraquitã, a misteriosa pedra das Amazonas”. Em todas as situações, sempre identificam as rochas e minerais brasileiros que foram utilizados.
O livro segue, adotando a linha cronológica, e passa a abordar com bastante detalhe o trabalho de José Bonifácio d’Andrada e Silva como mineralogista, além de outros naturalistas dos séculos XVIII e XIX, com ênfase nos estrangeiros que por aqui passaram ou aqui se estabeleceram por algum tempo, como o Barão von Eschwege ou Claude-Henri Gorceix. As informações gerais seguem atualizadas até o presente, destacando alguns museus de fácil acesso e que exibem boas coleções, a saber: o Museu Nacional, o Museu de Ciências da Terra (ambos na cidade do Rio de Janeiro), o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas de Ouro Preto (em Minas Gerais), o Museu de Geociências do Instituto de Geociências da USP e o Museu Geológico Valdemar Lefèvre do Instituto Geológico de São Paulo (estes últimos situados na cidade de São Paulo). Ao final desta parte, um ponto alto: os itens consagrados às espécies minerais descritas no Brasil e, dentre estas, as que se encontram desacreditadas, são variedades ou sinônimas, numa oportuna atualização das decisões da IMA (International Mineralogical Association) a respeito.
Uma segunda parte, se assim podemos chamar, que ocupa os restantes cinqüenta por cento das páginas, passa a apresentar os minerais brasileiros segundo a classe a que pertencem: elementos nativos e ligas, sulfetos, haletos, óxidos e hidróxidos, carbonatos, sulfatos, fosfatos e arsenatos e, finalmente, silicatos e suas subclasses. Em todos os capítulos, a abordagem histórica se mantém, assim como uma listagem e apresentação das principais jazidas e garimpos de onde se extraíram esses minerais e gemas.
Em obra tão abrangente e detalhada, lamenta-se apenas a desatualização das fontes históricas utilizadas. Há já cerca de 25 anos a produção sobre a História das Ciências da Terra, particularmente da Geologia, vem crescendo com vigor e qualidade, com muitas dissertações e teses defendidas, livros e artigos publicados em boas revistas que estão disponíveis on-line. Uma consulta a esse material evitaria equívocos, como, por exemplo, a afirmação de que Bonifácio foi colega de turma, na Academia de Minas de Freiberg, de Alexander von Humboldt e de Wilhelm von Eschwege, pois o primeiro já havia saído quando de sua chegada e o segundo jamais estudou lá, mas sim em Clausthal. Mas nada que uma futura edição, para a qual seguramente haverá grande demanda, não possa dar conta.