Experiências com cinema e educação em um período que é uma crise
Resumo
O artigo traz ao leitor a reflexão realizada a partir de duas experiências com cinema e educação vivenciadas com alunos de classe média e baixa paulistana. Ambas propostas foram realizadas como atividades extracurriculares, nas quais os alunos eram incentivados a serem protagonistas na expressão cinematográfica. A primeira, realizada no ano de 2010, como piloto do programa “Vídeo na Escola”, resultado de uma parceria entre o Instituto Criar de Cinema TV e Novas Mídias e a Secretaria Estadual de Educação para o programa Escola da Família. O segundo, foi realizado nos anos de 2014 e 2015, como disciplina eletiva para o último ano do Ensino Fundamental II em escola particular da zona sul da capital paulista. As atividades citadas são apresentadas como exemplos de “aberturas para testemunhar e inventar experimentações escolares”, conforme propõe Oliveira (2016). Interpretado por Santos (2001) como um período que é uma crise, vivenciamos como professores diferentes pressões que nada mais são do que manifestações dos conflitos entre as verticalidades que tentam se impor de forma universal (currículos, metas, índices) aos lugares de cada escola e as resistências (indisciplina, violência, falta de material e estrutura) daqueles que vivem as rugosidades do território. O professor é um dos sujeitos desta dialética. Se assumir unilateralmente qualquer um dos lados, ou correrá o risco de perder seu emprego ou tornará autoritária e insustentável sua presença em sala de aula. Assim, pensar o cinema como linguagem a ser explorada pelos alunos tanto quanto a sua análise atualizam o método dialógico, instrumentalizando tecnicamente os jovens para um mundo em que a informação é elemento fundamental, bem como teoricamente para compreenderem e superarem as contradições entre o que lhes é prometido pela sociedade e o que é vivido no lugar.