Pierre Monbeig, Aroldo de Azevedo e Maria Conceição Vicente de Carvalho propondo o currículo de Geografia da escola secundária (1935)
Resumo
A temática deste artigo se aproxima do currículo para o ensino de Geografia da escola secundária dos anos de 1930. Destacamos a influência de Pierre Monbeig, Aroldo de Azevedo e Maria Conceição Vicente de Carvalho que elaboraram um projeto de programa para o ensino de Geografia à época. Trata-se de pesquisa documental e bibliográfica desenvolvida por meio de localização e análise de fontes documentais, dentre elas o texto "O ensino secundário da Geografia", publicado no ano de 1935, na revista Geografia. Destacamos o contexto em que a proposta foi produzida, assim como a contribuição dos autores para a organização do currículo de Geografia para escola secundária. O currículo de Geografia proposto considerava os pressupostos da Escola Nova, valorizando os aspectos psicológicos e metodológicos da aprendizagem. Este modelo de currículo, por sua vez, estava articulado com o modelo de formação docente em Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP) e era discutido na Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). A partir dos anos de 1930 o Brasil é submetido à uma lógica econômica específica, dando prioridade para uma implantação da lógica urbano-industrial. Após a revolução de 1930 ocorreram modificações em relação as necessidades educacionais. O governo de Getúlio Vargas criou o ministério da Educação e Saúde Pública, cujo primeiro ministro foi o Francisco Campos, que dentre suas medidas criou a FFCL, onde foram formados os professores do ensino secundário. A formação pedagógica se dava no Instituto de Educação da USP onde eram ministradas disciplinas como Didática Geral, Didática Especial, Psicologia Educacional, Administração Escolar, Fundamentos Biológicos da Educação e Fundamentos Sociológicos da Educação. Portanto, o aluno tinha uma formação científica na área de atuação para depois obter uma formação pedagógica. A formação do professor secundário a cargo do Instituto de Educação deveria realizar-se no esquema conhecido como três mais um. Este curso inaugurou uma tradição na formação de professores de Geografia que por sua vez trouxeram mudanças no currículo de Geografia para a escola brasileira. Dentre as orientações estavam os incentivos de leituras de cartas topográficas, excursões geográficas, inclusão de aspectos sociais e econômicos nas temáticas geográficas, a partir de uma exposição didática.