Boas novas: Diretrizes Curriculares de cursos de graduação aprovadas pelo CNE em 2012

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Resumen

O II Seminário Nacional sobre Cursos de Graduação em Geologia, realizado na Universidade Estadual de Campinas, em 2002, reuniu 18 dos 19 cursos existentes na época, tendo culminado na fundação do Fórum Nacional de Cursos de Geologia e em proposta de Diretrizes Curriculares (http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v1/v1_a8.html). 
Ninguém imaginaria, porém, que se passariam dez anos para que a proposta fosse aprovada pelo CNE. A boa notícia ainda não está bem difundida e debatida: o governo reconheceu o mérito das preocupações legítimas de toda a comunidade e criou mecanismos de acompanhamento dos cursos, mas a realidade mudou radicalmente: o número quase dobrou e muitos ainda lutam para reunir bases para oferta de uma formação superior de qualidade.
Diz-se que em geral a sociedade não faz a mínima idéia do papel que se espera de nós, geólogos, mas sabemos que a ciência geológica concilia a perspectiva integradora do conhecimento científico da natureza aos desafios da profissão. As habilidades de uso de computadores e outras tecnologias ajudam a gerar informação e transformá-la em conhecimento útil. Os atuais problemas de recursos naturais e desequilíbrio ambiental reabrem a discussão sobre importância da Geologia. É urgente incorporar temas geológicos aos níveis de ensino fundamental e médio e reforça-se a questão da licenciatura, que jamais despertou entusiasmo entre os geólogos, embora todos reconheçam a importância da difusão da ciência. 
Em 1966, exatos nove anos depois de criados os primeiros cursos de Geologia, encontraram-se em Porto Alegre seus diretores para debater problemas que vivenciavam. Dois fatos pedem atenção especial: (1) o Prof. Karl Beurlen assinalou "erro fundamental": o geólogo graduado poderia sair diretamente para o mercado de trabalho. Os quatro anos do curso (na época) "fornecem os fundamentos gerais da geologia", mas não pode ser atingida a especialização. No mundo inteiro, dizia ele, geólogos não "conseguem contrato definitivo, mas são obrigados a dispender um ano de preparação para a vida profissional ou para a carreira científica". Era o começo da luta pelas bolsas e pelos programas de pós-graduação. (2) Roberto Issler afirmou que, do meridiano de Brasília para oeste, o Brasil era um ilustre desconhecido. Quantos recursos minerais encerraria essa área? Por esses e outros motivos, apelava para firmes incentivos em mapeamento básico e para a transformação do DNPM em um serviço geológico nacional.
Gerações sucessivas de geólogos formaram-se desde que os cursos pioneiros abriram as portas. A geologia no Brasil cresceu e prosperou, mas passou por maus períodos, no último meio século. Para constatar quanto se progrediu, basta olhar um mapa geológico do Brasil, sempre atualizado na WEB, repleto de mistérios e desafios que estão por ser pesquisados, enfrentados e desvendados. 
Celso Antunes [2001, Como transformar informações em conhecimento, Petrópolis: Ed. Vozes] afirma ser "impossível saber como será o mundo de amanhã. Será, entretanto, da maneira que os professores o fizerem. Nenhuma profissão, em nenhum tempo, dispõe da possibilidade presente ao magistério para modelar os seres humanos que virão".
Uma função estratégica de Terræ Didatica é estimular a discussão e reunir o esforço competente daqueles que acreditam que a universidade pública brasileira, gratuita e de qualidade, tem sido e será capaz de dar grandes saltos e formar recursos humanos de classe comparável às melhores escolas do globo, quiçá mais antigas. 
A periodicidade semestral de Terræ Didatica, iniciada em 2011, será superada em 2014, porque o ingresso de novos artigos é constante. Atingimos a marca de 100 trabalhos originais e inéditos recebidos. Aumentar a frequência das edições é a meta do próximo ano. Para tanto, convidamos autores, professores e pesquisadores para ajudar-nos a concretizá-la. A todos que ajudaram a finalizar este número, registramos nossos agradecimentos.

Publicado

2013-05-20

Número

Sección

Editorial