FORMAÇÃO DOCENTE EM GEOGRAFIA PARA A ESCOLA SECUNDÁRIA: A CONTRIBUIÇÃO DA FFCL DA USP (1934-1960)
Palavras-chave:
formação de professores de Geografia; ensino de Geografia; metodologias de ensino em GeografiaResumo
A formação de professores secundários para atuar na escola brasileira ganhou caráter propriamente universitário com a criação da Universidade de São Paulo (USP), em 1934. O Instituto de Educação integrado à USP desde sua origem, exclusivamente pela sua “Escola de professores”, assumiu compromisso com a formação dos primeiros docentes da área de humanidades, incluindo os professores de Geografia [e História]. Apresentam-se resultados parciais da pesquisa intitulada ‘‘Orientações metodológicas destinadas aos professores de Geografia para o ensino secundário da escola paulista (1934-1960)“. A pesquisa tem como objetivos identificar e compreender quais orientações metodológicas receberam os primeiros professores de Geografia para atuar na escola paulista, entre os anos de 1934 e 1960. Tratase de pesquisa de fundo histórico, documental e bibliográfica desenvolvida por meio de procedimentos de identificação, reunião, organização e análise de fontes documentais. Enfatizam-se as orientações utilizadas enquanto “matrizes” teóricas de formação, advindas especialmente das disciplinas pedagógicas - Metodologia do ensino secundário; Psicologia educacional e Didática. Assim, buscamos compreender em que medida o curso de formação da USP contribuiu para promover a reflexão sobre a relação teoria e prática pedagógica no ensino de Geografia, dicotomia ainda presentes nos dias de hoje no processo de formação docente. As características do curso que analisamos permitem compreender determinadas “matrizes” de ordenação de um campo, que em sua origem se preocupou com o preparo científico do professor e sua prática educativa. Do seleto grupo de formandos surgiu uma geração de brilhantes geógrafos e professores para atuar na escola secundária paulista. A FFCL da USP formou entre os anos de 1934 e 1960 384 professores de Geografia [e História]. As primeiras impressões apontam para o papel fundamental que o curso da USP desempenhou na organização interna da Didática da Geografia no estado de São Paulo e no Brasil, já que sua organização abarcou um conjunto de ideias, processos, formas e conteúdos fundamentados nos pressupostos psicológicos da aprendizagem (a inovação educacional que redescobriu a criança), validados cientificamente pela Pedagogia científica, incluindo a Psicologia da Educação. Assim, o modelo de formação docente adotado à época pela USP contribuiu para a constituição do campo profissional. Certamente esta matriz caracterizada pela orientação escolanovista teve inúmeras variáveis, cujas versões é preciso ainda investigar. A pesquisa sobre o passado recente possibilita compreender como estas questões já foram pensadas e sistematizadas antes. Assim, o presente passa a ser problematizado a partir de práticas que se constituíram em políticas, linguagens e trajetórias do ensino de Geografia em nosso país.