OS MAPAS MENTAIS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: UMA EXPERIÊNCIA COM PROFESSORES INDÍGENAS DO ALTO RIO NEGRO - AM
Palavras-chave:
alfabetização cartográfica, lugar, educação indígena.Resumo
O presente artigo é o resultado de reflexões e experiências adquiridas ao estabelecermos um diálogo com os professores indígenas sobre o ensino de Geografia no Curso de Formação de Professores Indígenas da Universidade Federal do Amazonas. O curso tem dez anos, e é resultado de reivindicações dos movimentos indígenas que traziam como pauta, uma formação pedagógica que fosse holística, mas que também respeitasse a diversidade étnica e a pluralidade dos povos indígenas, mais particularmente, dos professores indígenas. A Geografia no projeto pedagógico do curso está representada em quatro componentes curriculares da área de Ciências Humanas e Sociais e um deles é a Alfabetização Cartográfica. Aqui, descreveremos a experiência de trabalhar este componente em uma turma de professores do Alto Rio Negro, que foi realizada no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Essa turma reúne professores de doze diferentes etnias, portanto, uma turma multiétnica. Isto posto nos fizemos algumas interrogações: Que geografia ensinar? Que geografia interessa aos professores indígenas? Que geografia eles sabem? Numa prática dialógica, concluímos que era preciso adentrar ao mundo vivido de cada um dos professores e compreendemos que este mundo vivido, traduzia-se nas categorias lugar, paisagem e territorialidades. Assim elegemos o lugar como categoria a ser pensada, não apenas como localização, mas como lugar de existência, de práticas e habilidades espaciais aprendidas no cotidiano. Como estávamos trabalhando no sentido de trazer ao conhecimento dos professores a linguagem cartográfica, consideramos os mapas mentais como importante recurso para promover a alfabetização cartográfica dos professores indígenas e orientá-los na elaboração de metodologias de ensino de uma Geografia/Cartografia para trabalhar nas escolas indígenas de suas aldeias. Os professores entenderam a lógica da representação cartográfica através da produção de seus mapas mentais, abrindo-se para a orientação de que existe uma linguagem técnica, científica de representar o espaço. Para além da linguagem sistemática, os professores representaram seus lugares tal como eles se apresentam, com paisagens visíveis e invisíveis, com representação das cheias e das vazantes, com seus mistérios. A experiência nos mostrou que os mapas mentais, possuem uma potencialidade como linguagem para uma alfabetização cartográfica de diferentes grupos e etnias.