Mirando r(existências) quilombolas diante de arranjos sociotécnicos e políticas de “desenvolvimento”
Resumo
Este artigo aborda as diferentes cosmovisões envolvidas em conflitos territoriais e ambientais de natureza ontológica, a partir da trajetória de resistência da comunidade quilombola Anastácia (Viamão/Rio Grande do sul). As águas do rio Gravataí, que banham o território quilombola, se tornaram objeto de especulação de projetos de desenvolvimento relacionados à produção em grande escala de arroz irrigado, especialmente a partir da década de 1970. Tal situação foi operacionalizada por inúmeros arranjos sociotécnicos que desconsideraram as vidas e projetos afetados por tais intervenções na sociobiodiversidade. Metodologicamente, esta análise foi construída a partir da minha inserção etnográfica na comunidade e da pesquisa documental realizada. Concluo que diferentes arranjos sociotécnicos foram acionados ao longo do
tempo para intervir no ambiente e se apropriar da biodiversidade e dos territórios. Por outro lado, observa-se que as relações de reciprocidade demorada da população quilombola com o ambiente são atualizadas no presente.