Música na raça: compondo com mestras e mestres do terreiro Matamba Tombenci Neto
Resumo
Em 2017 iniciamos nosso projeto de pesquisa/intervenção, vinculado ao Mestrado Profissional em Educação e Relações Étnico Raciais na UFSB, trabalhando com Mestres/Mestras e aprendizes da comunidade do Matamba Tombenci Neto (Ilhéus/BA). Temos concebido juntos o projeto editorial de um livro poético/didático para educação musical e um site que apresente a comunidade a partir da música. Desde o ponto de vista desse trabalho discutimos o entendimento de existências pluriepstêmicas no sul da Bahia; as negociações e conflitos relativos a produção autoral e sua tradução para a racionalidade do sistema escolar, assim como possíveis
conflitos com concepções de educação musical de matriz europeia historicamente hegemônicas na organização educacional estatal do Brasil. Discutimos também contribuições de propostas de formações ideológicas, políticas, estéticas e culturais, instruções sobre modos de entendimento sonoro do mundo, pensando dessa perspectiva de encontro de saberes/lugares distintos para recriação (intercultural, transversal) de modos educacionais de matriz afro. Partimos de uma abordagem multidisciplinar que envolvesse ao menos história, legislação, educação, etnopedagogia e etnomusicologia para exercitarmos a tentativa arriscada de pensar nossas práticas locais sem desvincular nossas reflexões de movimentos históricos e geográficos de dimensões mais diversas. Na comunidade do Terreiro Matamba Tombenci Neto, estamos trabalhando com três
mestrxs de saberes, Mãe Ilza, Marinho e Ney e com três mestrxs aprendizes, Felipe, Pâmela e Yuri. Nesta empreitada, perguntamos quem foram, quem são e como se dão os modos de educação musical na comunidade do Matamba Tombenci Neto. Nesse processo, mapeamos um pequeno pedaço da história de formadorxs das tradições musicais da comunidade e sua inserção na história da música da região, na formação dos afoxés e blocos afro e no movimento negro no Litoral Sul da Bahia. Nesta etapa do trabalho, em curso, está em andamento a realização de duas oficinas para experienciarmos percursos formativos que nos propomos a traduzir – a deslocar – para o livro/site, num gesto de afirmação e celebração das autorias negras diaspóricas.