Os Yanomami e o Projeto Yaripo: sobre florestas e ontologias
Resumo
Proponho-me neste trabalho discutir como as categorias “floresta” e “meio ambiente” são pensadas e abordadas por agências do Estado, ONGs e pelos Yanomami. Minha etnografia diz respeito à participação dos Yanomami de Maturacá na elaboração do Projeto Yaripo, uma proposta de ecoturismo em território Yanomami e dentro dos limites do PARNA Pico da Neblina, com a participação do ICMBio, FUNAI e ISA. Pretendo refletir como a noção de “urihi”, a floresta Yanomami – um espaço cosmopolítico habitado por espíritos “hekura” –, aparece nesse arranjo. No contexto amazônico, como já foi apontado diversas vezes na literatura antropológica, as noções ocidentais de “natureza” e “cultura” podem não ser separadas por limites
ontológicos e as relações com seres da “natureza” são também pensadas como relações sociais.
Assim, como diferentes modos de compreender a “floresta” ou a “natureza” podem se relacionar,
se combinar ou contrastar nos encontros entre os Yanomami e essas instituições?