Corpo, gênero e ciência nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde: reflexões sobre corpos grávidos e uma “maternidade positiva”
Resumo
Nas últimas décadas, o movimento pela humanização do parto no Brasil vem propondo e implementando mudanças na assistência que visam desestimular o “parto medicalizado” e incentivar o uso de práticas “humanizadas”. Estas práticas, respaldadas pelas “evidências científicas”, privilegiam a utilização de tecnologias consideradas mais adequadas em detrimento daquelas tidas como danosas. Essas transformações no modo de parir, e também no de gestar e maternar, que estão no cerne de políticas públicas no Brasil, seguem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este trabalho busca expor reflexões iniciais acerca de uma publicação norteadora das práticas dos defensores da humanização, disponibilizada no
site da OMS. Mais especificamente, irei descrever e analisar algumas intervenções médicas e não médicas realizadas de forma rotineira durante o pré-natal, para buscar compreender como tais intervenções podem influenciar a construção de representações sobre corpos de “mulheres grávidas” e uma “maternidade positiva”.