Infraestruturas Porosas: O Programa Minha Casa Minha Vida e as faces da mobilidade no Brasil recente

Autores

  • Moisés Kopper

Resumo

Casas são infraestruturas porosas que instanciam imaginários de mobilidade social. Elas são portas abertas por onde passam formas amplas e experimentais de governo, ação política, e práticas de consumo, justapondo becomings humanos e construção do espaço. Baseando-se em etnografia realizada entre arquitetos, economistas, planejadores públicos, policymakers, representantes governamentais, marqueteiros, líderes comunitários e beneficiários-consumidores do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, este paper problematiza o processo de concepção e implantação de um conjunto de tecnologias de segurança e vigilância em um destes condomínios, bem como as aspirações e afetações de classe cristalizadas no decurso de sua imaginação. Aqui, a casa emerge como uma tecnologia de transformação da vida através da qual fluem processos subjetivos de valoração e de governamentalidade política e econômica. A partir da arquitetura transformada, dos usos e envelhecimentos das materialidades, é possível iluminar os efeitos de longo prazo de uma política pública, desvendando formas alternativas de governança, subjetividade política e ação econômica. Que cartografias morais e modos de esperar são entretecidos nesse governo pósneoliberal de infraestruturas público-privadas? Como as pessoas se tornam parte e/ou criticam essas materialidades, criando novos espaços de imaginação? Observando através dessas infraestruturas e de seus devires, é possível documentar a emergência e evanescência de imaginários de mobilidade, suas aspirações e as ansiedades de classe média que a povoam.

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Publicado

2019-08-10