Vida no chão: Uma etnografia arqueológica entre garimpeiras de São João da Chapada – MG

Autores

  • Sarah Kelly Silva Schimidt

Resumo

Esta apresentação se baseará em uma etnografia sobre os lugares habitados, produzidos por e produtores das mulheres de São João da Chapada, distrito de Diamantina/MG. Lugar constituído por atividades de garimpo e mineração desde o século XVIII, atividades que não eram praticadas apenas por homens adultos. Com a proibição e crescente marginalização das práticas extrativas tradicionais as famílias, principalmente as mulheres, têm se sustentado com agricultura familiar, atividades de coleta de flores, frutas e vegetais e o trabalho fora de casa. Planejo, nesta apresentação, trabalhar com alguns conceitos centrais da chamada virada ontológica e das discussões pós-coloniais. Com base em meu trabalho de monografia e a partir das informações etnográficas disponíveis sobre São João da Chapada, vejo a necessidade de outros tipos de contribuições teóricas e etnográficas sobre as populações não-urbanas que não necessariamente se consideram ou podem ser consideradas pela academia como “camponesas” (enquanto categoria social, campo de estudo classicamente influenciado pela teoria da etnicidade e o marxismo). Considero necessário colocar em foco os conhecimentos locais em contraposição a uma pesquisa baseada nas representações coloniais do
pensamento ocidental, reconhecendo como algumas das teorias base do pensamento social da antropologia e da arqueologia realocam e distanciam as relações entre e com as coisas. Inspiro-me em trabalhos que propõem que as investigações devem ser conduzidas com um contínuo questionamento da linguagem científica e das epistemes que conformam os marcos teórico-científicos que vem estruturando as práticas antropológicas e arqueológicas, fazendo uma crítica ao uso dos métodos tradicionais nestas disciplinas no processo de entendimento de modos de vida que não se encaixam nas noções ocidentais que os baseiam. Discutindo assim, também, a continuidade da construção de saberes contra-hegemônicos na antropologia e arqueologia.

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Publicado

2019-08-10

Edição

Seção

ST2 - A ecologia política das paisagens mais-que-humanas: etnografias, engajamentos e práticas de conhecimento