Humanos, animais e a constituição de um território mais-que-humano na comunidade quilombola do Carmo (São Roque/SP)

Autores

  • Luisa Amador Fanaro

Resumo

Este trabalho diz respeito à pesquisa por mim realizada ao longo da graduação, que teve por objetivo a realização de um estudo acerca das relações entre os moradores da comunidade quilombola do Carmo, localizada no município de São Roque/SP, e os animais (de criação, de pesca e caça, e os “outros bichos”), tomando por foco etnográfico a vida social e as atividades cotidianas dos quilombolas em que ocorressem interações práticas e simbólicas entre humanos e animais – notese que muito pouco sabemos, ainda, sobre as relações com animais nas comunidades remanescentes de quilombo no Brasil. Para tanto, a pesquisa teve como pano de fundo a degradação generalizada do ambiente na região, ponto central que, sugere-se aqui, foi e é responsável por toda uma transformação da própria noção nativa de “natureza” e das relações entre seres humanos e animais (essa degradação reduziu, e muito, a presença dos animais no Carmo). Sugere-se aqui que os animais, seja nas histórias do passado, seja nas práticas materiais, religiosas, culturais e políticas do presente, podem configurarse e configuram-se, como pude perceber em campo, como agentes na reconstituição do território quilombola que, no momento, aguarda os estudos antropológicos necessários para seu reconhecimento territorial. O foco deste trabalho foi, então, desvelar a forma como os quilombolas
do Carmo e os animais se inter-relacionam, de maneira a possibilitar a compreensão do que são e o que podem os animais em um bairro rural bastante urbanizado e que tem a especificidade de ser território quilombola.

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Publicado

2019-08-10

Edição

Seção

ST2 - A ecologia política das paisagens mais-que-humanas: etnografias, engajamentos e práticas de conhecimento