O Cotidiano e os pés: territorialidades produzidas na relação entre humanos e outros constituintes do mundo
Resumo
Este trabalho é resultado do esforço de tentar colocar em discussão minha experiência recente de participação em um projeto de pesquisa e as reflexões que venho realizando no âmbito do doutorado. Neste texto minha intenção é apresentar, a partir da realização de trabalho de campo, como os habitantes das comunidades quilombolas de Caraíbas, Sangradouro Grande, Balaieiro e Croatá me levaram a refletir a respeito de suas territorialidades, tendo os temas da paisagem, do movimento e das plantas como centrais. Nesse sentido, procuro refletir, através de uma discussão já iniciada no meu projeto de pesquisa, como as comunidades negras rurais dos municípios de Januária (MG) e Pedras de Maria da Cruz (MG) se relacionam com as plantas. Na zona rural destes municípios, situados no Sertão do Norte de Minas Gerais, pessoas e pés coabitam a paisagem construindo-a e reconstruindo-a através das atividades cotidianas. Através desse enfoque nas plantas, espero conseguir compreender os aspectos mais sensíveis da forma como os moradores locais pensam e se relacionam com os pés, e como, a partir dessa relação, as comunidades rurais pensam e produzem outros aspectos de suas vidas, como o parentesco ou mesmo uma convivialidade geradora de laços
de pertencimento entre as pessoas. Este trabalho traz algumas reflexões iniciais a respeito do que as
plantas podem dizer sobre o modo de vida e as territorialidades das comunidades negras rurais do
Sertão Norte Mineiro.