Percepção enquanto assimetria: o caso do transporte público em Florianópolis/SC

Autores

  • Marcelo Giacomazzi Camargo

Resumo

Este trabalho é desenvolvimento de uma etnografia do sistema público de transporte em Florianópolis. Baseando-me nestes dados, analiso como o transporte surge do cruzamento entre as práticas e demandas de locomoção da cidade com as estratégias administrativas estatais. Isto faz da mobilidade coletiva uma rede de atores que existem enquanto acionadores das forças estatais, uma vez que as validam ao seguirem seus caminhos, e também enquanto sujeitos capazes de criar alternativas a elas, uma vez que vêm a ser junto com seu ambiente de variadas formas. Descrevo alguns processos de percepção do ambiente urbano através do transporte coletivo, atentando para como a informação navega para estes fins; através de comunicados oficiais, aplicativos de celular, recursos instalados nos terminais de ônibus, trocas entre si e a própria experiência com a geografia e o planejamento da cidade, os cidadãos desenvolvem suas habilidades de navegação pelo transporte coletivo de maneiras tanto contingenciadas pelo Estado quanto abertas à construção de alternativas a este. Sugiro com isto que a percepção do ambiente é algo saturado também pelas assimetrias entre o
Estado e as forças que ou se submetem a este ou que se colocam como suas opositoras. Busco focar em como os aparelhos perceptivos acionados na mobilidade florianopolitana são simultaneamente molares e moleculares; ao mesmo tempo que permitem uma proliferação de movimentos e possibilidades, são saturados pelo poder organizador do Estado.

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Publicado

2019-08-12