Jogar com o peixe: Percepção e conhecimento na pesca litorânea potiguar

Autores

  • Paulo Gomes de Almeida Filho

Resumo

O mar é o palco de uma das relações mais complexas da sociedade-natureza: o encontro possível através da mediação técnica pesqueira entre homens e seres marinhos. A partir da pesquisa bibliográfica e da experiência empírica do autor sobre coletivos pesqueiros no litoral do Estado do Rio Grande do Norte (Brasil), percebeu-se a existência do que chamamos de jogo, metáfora para o luta pela existência entre humanos e não-humanos no ambiente marinho, operacionalizado pelas noções de perícia-técnica (domínio das técnicas de pesca) e moral-técnica (regra/limite que consiste no uso de técnicas que não eliminem totalmente as possibilidades de escapatória do pescado). Em termos êmicos, saber jogar significa operacionalizar concomitantemente as duas noções citadas, o que confere ao pescador prestígio social em seu agrupamento. Contudo, as relações entre pescadores e seres marinhos são alteradas de acordo com a modalidade de pesca praticada: pescadores artesanais costumam enfatizar a ausência do jogo entre os pescadores ligados à pesca industrial. Desta forma, a proposta desta comunicação é descrever e analisar, sob a luz do conhecimento antropológico, as relações humano-não humanos na pesca marítima potiguar, com ênfase sobre a noção de jogo.

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Publicado

2019-08-13