As sementes enquanto patrimônio cultural e a feira de sementes dos povos indígenas de Roraima
Resumo
Os povos indígenas de Roraima realizam desde 2012 as Feiras de Sementes no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), através de uma parceria do Conselho Indígena de Roraima (CIR) com a Iniciativa Wazaka’ye/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições. A feira teve sua quarta edição em 2016 continuando a troca de sementes, de conhecimentos a elas associados, gerados pelas relações com essas sementes e com a feira. A partir do histórico das feiras aprofundaremos alguns temas como a origem das sementes, sua preservação, as plantas que são usadas em processos de cura e suas relações com as culturas indígenas. Na primeira edição da feira a artesã Iolanda Fidelis levou suas panelas de barro para expor e vender. Uns perguntavam: - o que isso tem relação com a feira de sementes? Tem a terra, o barro,
que são elementos importantes para as sementes germinarem, além das panelas serem usadas no cozimento dos alimentos que vem das sementes, ou das próprias sementes enquanto alimentos. Na edição de 2014 houve concurso de cartilhas e uma turma de quinto período do curso Gestão Territorial Indígena do Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena/Universidade Federal de Roraima escreveu informações desde como eram preservadas as sementes no passado, até seus usos e modos de transmissão de conhecimentos sobre este tema na atualidade. A partir dessas experiências construímos este texto refletindo sobre o que observamos e vivenciamos com os alunos indígenas em sala de aula, na relação com suas sementes e com a feira. Nossas discussões tomaram também como fundamento o que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) vem trabalhando no campo do patrimônio imaterial e no registro dos sistemas agrícolas locais.