Saberes da natureza: a ressignificação do alimento a partir de performances ecológicas
Resumo
A alimentação caracterizada como agroecológica, orgânica, macrobiótica, biodinâmica entre tantas outras modalidades sugerem uma reflexão interessante; a comida é adjetivada e atribuída de sentidos nutricionais, tanto fisiológicas como espirituais. A partir de uma etnografia em uma feira agroecológica na cidade de Porto Alegre, identificou-se um envolvimento denso do público com a alimentação a partir de diferentes imaginários de natureza. O trabalho de campo proporcionou vivências em festividades nas propriedades de feirantes que uniam produtores e consumidores e que abrem espaço para reflexões sobre ritualizações ecológicas e sobre a sacralização da natureza a partir da noção de um “alimento para alma”. Nesse sentido, traça-se um debate sobre concepções de pureza e impureza a partir de uma modalidade de consumo atribuída de sentidos morais, políticos, afetivos e nutricionais que se manifestam em oposição à artificialidade referida ao agronegócio. Em última instância, trata de um consumo que dicotomiza dois mundos, o “mundo da natureza”, como repulsa
a concepção de um “mundo tóxico”.