Corpo hormonal feminino e suas fases

Autores

  • Regina Senna Vieira
  • Miriam Oliveira Mariano

Resumo

Este trabalho visa analisar e problematizar o crescente avanço da biotecnologia hormonal sobre os corpos, em especial o corpo feminino. A partir de uma reflexão sobre a construção do fato científico e da proeminência do discurso biomédico na compreensão dos corpos, da sexualidade, das emoções e dos comportamentos, principalmente os femininos, analisamos as mudanças ocorridas ao longo da história nos discursos ditos científicos sobre as mulheres. No final do século XVIII e início do XIX, a ‘essência’ da feminilidade era localizada no útero; a partir de meados do século XIX, os ovários passaram a ser considerados a fonte das doenças das mulheres, inclusive as nervosas e mentais; no início do século XX começou a ocorrer uma mudança nos discursos biomédicos e a ‘essência’ da feminilidade passou a ser localizada em substâncias químicas denominadas ‘hormônios’. Desde então, a biomedicina compreende o corpo da mulher como regulado por fases hormonais, marcadamente a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) e o Climatério, produtoras de uma
‘subjetividade cíclica’ que reproduz visões estereotipadas de gênero em função da diferenciação biológica radical entre os sexos. Considerando que o discurso biomédico sobre a determinação hormonal da subjetividade feminina é reducionista e reifica a crença de que mulheres são instáveis e, portanto, em determinados períodos, irracionais e não confiáveis, ensejando intervenções biotecnológicas que visam o controle hormonal dos corpos femininos, sugerimos discursos alternativos que possam ser contrapostos ao discurso biomédico, possibilitando reflexões e compreensões mais abrangentes sobre o corpo, o gênero e a sexualidade na contemporaneidade.

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Publicado

2019-08-13

Edição

Seção

ST8 - (Co)produções contemporâneas: Intervenções biotecnológicas sobre o corpo, gênero e sexualidade