Políticas da percepção: diálogos com o Terreiro Matamba Tombenci Neto - Ilhéus/BA

Autores

  • Cynthia de Cássia Santos Barra
  • Guilherme Fóscolo de Moura Gomes

Resumo

Desde novembro de 2014, momento inaugural desta instituição, tem tido lugar na Universidade Federal do Sul da Bahia/UFSBb uma série de atividades (aulas, conferências, visitas de campo, ateliês artísticos, pesquisas, militância político-cultural etc.) que contam com a participação de mestres/mestras de tradições, artes e ofícios. Esta comunicação pretende discutir tais (des)encontros de saberes a partir de nossa experiência com a comunidade do terreiro Matamba Tombenci Neto (Ilhéus/BA). Partindo do horizonte teórico proposto por Ranciére, isto é, do entendimento de que toda estética é também uma política, pretendemos pensar a imagem técnica para além de sua suposta neutralidade – e, portanto, como imagem política. A ambição aí é dupla:
por um lado, colocar em evidência um dos grandes projetos (derivado, é claro, do modo de produção de mercadorias capitalista) da indústria ao longo dos séculos XX e XXI, a anaisthesis; por outro, problematizar o papel que cumpre a universidade neste processo de anestesiamento – via pacificação e apropriação dos saberes ditos populares. Pensar assim a anaisthesis nos conduz de volta à discussão da disputa política pela emancipação dos sentidos e seus correlatos. Ora, se estivermos corretos, a universidade afigura-se, então, não somente como espaço da disputa do saber/do conhecimento, mas também como espaço de disputa pelos dispositivos de construção e reprodução das imagens (técnico-políticas). Por fim, gostaríamos de pensar a universidade como um dos espaços possíveis para ampliar a disputa (no caso das comunidades tradicionais, de guerrilha) por tais dispositivos estético-políticos.

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Publicado

2019-08-13