Trajetórias de uma Reserva Extrativista Marinha: um olhar sociotécnico

Autores

  • Alana Casagrande
  • Oscar Rover

Resumo

A Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé de Florianópolis constitui uma unidade de conservação de experiência singular, tanto por seu tempo de vida, como por situar-se no ambiente urbano de uma capital da região sul do país. Uma comunidade de pescadores e pescadoras artesanais constitui a "população tradicional" que se articula e vive da/na reserva, sendo que o extrativismo comercial do molusco berbigão (Anomalocardia brasiliana) constituiu a motivação central para sua criação. Neste texto, reconstruiremos trajetórias da pesca na comunidade da Costeira do Pirajubaé descrevendo o processo de emergência de uma rede sociotécnica que articulou-se em torno do "extrativismo sustentado do berbigão". A rede será caracterizada a partir dos quatro momentos doprocesso de tradução propostos por Callon (1995): problematização, interessamento, enrolamento e mobilização. Ao longo do processo de tradução, produziram-se diferentes deslocamentos que modificaram os objetivos e identidades dos atores em interação, conferindo dinamicidade à rede. Para os/as extrativistas de berbigão a garantia de sua autonomia de vida, que se faz na relação com o mar, é prioritária. Atualmente, a crise do extrativismo do molusco berbigão amplificou as controvérsias em torno da viabilidade do extrativismo no ambiente urbano. Se antes discutiam-se parâmetros para o "extrativismo sustentável", agora discute-se possibilidade para a recuperação dos estoque de berbigão assolados por uma mortandade repentina.

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Publicado

2019-08-14

Edição

Seção

ST11 - Entre o mercado e o Estado: encontros e desencontros de saberes em iniciativas de conservação da biodiversidade