Farmácia e farmacêuticos em São Paulo por um viés de gênero: Formação de alianças e delimitação de fronteiras
Resumo
Este texto apresentará algumas discussões que realizo em minha pesquisa de mestrado (em andamento), seguiremos os farmacêuticos paulistas que, através da fundação de associações científicas, revistas e instituições de ensino, buscaram criar um campo profissional separado da medicina, nos anos iniciais da Primeira República. Para tanto, esses grupos estabeleceram alianças com outros profissionais e também com os nãohumanos, determinando, assim, quais conhecimentos e objetos povoariam suas práticas. Juntamente a esta busca por alianças poderemos perceber um movimento co-extensivo de delimitação de fronteiras: quem estaria autorizado a exercer esse ofício? Após a fundação da Escola de Pharmácia (1898), observaremos como esse processo de institucionalização se misturou à um novo e controverso elemento: a formação de mulheres. Sendo assim, atentaremos como os grupos envolvidos na fundação da Escola (farmacêuticos, médicos e
políticos paulistas) buscaram criar uma relação de coerência entre a formação de farmacêuticas e o fortalecimento de um ethos científico de neutralidade, esse último vinculado ao masculino (STENGERS, 2013). Observaremos por meio de quais estratégias e argumentos os discursos de fundação da Escola desejaram, de antemão relegar as futuras farmacêuticas a aturem junto às misturas, nos “bastidores” da prática científica que se desejava fundar. Entretanto, por fim, desejamos pontuar como, afastar as farmacêuticas do nobre momento da purificação científica (LATOUR, 1994) e do progresso, pode coloca-las num espaço mais potente e criador COM os não-humanos (DESPRET; STENGERS, 2011).