Farmácia e farmacêuticos em São Paulo por um viés de gênero: Formação de alianças e delimitação de fronteiras

Autores

  • Isabella Bonaventura de Oliveira

Resumo

Este texto apresentará algumas discussões que realizo em minha pesquisa de mestrado (em andamento), seguiremos os farmacêuticos paulistas que, através da fundação de associações científicas, revistas e instituições de ensino, buscaram criar um campo profissional separado da medicina, nos anos iniciais da Primeira República. Para tanto, esses grupos estabeleceram alianças com outros profissionais e também com os nãohumanos, determinando, assim, quais conhecimentos e objetos povoariam suas práticas. Juntamente a esta busca por alianças poderemos perceber um movimento co-extensivo de delimitação de fronteiras: quem estaria autorizado a exercer esse ofício? Após a fundação da Escola de Pharmácia (1898), observaremos como esse processo de institucionalização se misturou à um novo e controverso elemento: a formação de mulheres. Sendo assim, atentaremos como os grupos envolvidos na fundação da Escola (farmacêuticos, médicos e
políticos paulistas) buscaram criar uma relação de coerência entre a formação de farmacêuticas e o fortalecimento de um ethos científico de neutralidade, esse último vinculado ao masculino (STENGERS, 2013). Observaremos por meio de quais estratégias e argumentos os discursos de fundação da Escola desejaram, de antemão relegar as futuras farmacêuticas a aturem junto às misturas, nos “bastidores” da prática científica que se desejava fundar. Entretanto, por fim, desejamos pontuar como, afastar as farmacêuticas do nobre momento da purificação científica (LATOUR, 1994) e do progresso, pode coloca-las num espaço mais potente e criador COM os não-humanos (DESPRET; STENGERS, 2011).

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Publicado

2019-08-14

Edição

Seção

ST12 - Mapeamento de controvérsias, cartografias micropolíticas e narrativas etnográficas - avaliando possibilidades de conexões transversais