A era das consequências - o par clima-consumo nos ODS e no Acordo de Paris

Autores

  • Josi Paz

Resumo

A era do consumo sem consequências acabou, disse Ban-ki Moon, então Secretário das Nações Unidas quando foi assinado o Acordo de Paris. O Acordo foi aprovado sob a forte imagem retórica de uma civilização que, ao devorar os recursos naturais do planeta em função do consumo como estilo de vida, regurgita consequências ambientais extremas, irreversíveis e de escala inédita. A mesma ideia está presente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): os Objetivos são apresentados como interligados, e o Objetivo 12 aborda diretamente a agenda da produção e do consumo sustentáveis, tendo no horizonte a questão climática, enquanto os Objetivos 11 e 13 abordam a questão climática, tendo no horizonte aspectos relacionados, entre outros, ao consumo individual. No debate de muitas nuanças que constitui a noção de uma mudança global do clima causada pela ação humana no mundo, questões da ordem do consumo ganharam centralidade recentemente, reverberando polêmicas como, entre outras, a atribuição de causa antropogênica à mudança global do clima (a partir do AR4 do IPCC); e a proposição do recorte geológico do Antropoceno como uma
nova era. Em tal contexto, os ODS e, posteriormente, o Acordo de Paris emergem como documentos de cunho aspiracional que, embora, por definição, estejam distantes da vida ordinária na sociedade de consumidores e sua profusão de coisas e tipos sociais, se tornaram mais prócimos e impactam diretamente a abordagem das políticas públicas que lhes dizem respeito, como a política do clima e da produção e do consumo sustentáveis no Brasil. Este texto se ocupa do advento destes dois documentos – os ODS e o Acordo de Paris - como marcos discursivos decisivos na estabilização do par consumo-clima como uma agenda prioritária da governança ambiental.

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Publicado

2019-08-15

Edição

Seção

ST15 - Mudanças Climáticas: Conhecimentos, Políticas e Intervenções