Redes de parentesco e dinâmicas de integração do social entre populações indígenas e tradicionais na confluência Arapiuns, Tapajós e Amazonas
Resumo
Apresento um debate experimental sobre redes de parentesco e dinâmicas de integração do social na chave renovada da teoria da aliança que Douglas White e Michael Houseman (1996) definiram como o estudo das estruturas reticulares da prática matrimonial. Renovada pois desloca o foco dos modelos terminológicos para as relações interpessoais concretas de filiação e casamento, que constituem tecidos fragmentários implicados na construção de pessoas e coletivos, em diferentes escalas e domínios. Esta renovação é potencializada pela matemática dos grafos e as novas ferramentas computacionais. Noções implícitas nos circuitos – religamentos, componentes e constelações – servem ao exame de regimes de aliança e se estendem a outras lógicas, conceitos e dinâmicas, como: corpo e pessoa; classes e segmentos; herança e transmissão; migração e
circulação; etnicidade e identidade; compartilhamento e mutualidade; espacialidade e cosmologia; política e história. O mapeamento de variáveis dinâmicas na armação de parentesco depende de insights críticos sobre problemas relevantes para as pessoas representadas nos grafos, a partir da experiência etnográfica. Este estudo toma por referência e explora um corpus genealógico coletado entre 2008 e 2012 em 15 localidades, cujo nó duro (core) matrimonial - formado por 714 pessoas -conecta os povos Arapium, Jaraqui, Tapajó, Tupaiu e outros segmentos ribeirinhos, distribuídos pela de confluência entre os rios Arapiuns, Tapajós e o Amazonas, em Santarém (Pará).