Redes de Parentesco como sistemas dinâmicos

Autores

  • Carlos E. Ferreira
  • Álvaro J.P. Franco
  • Márcio F. da Silva

Resumo

Redes de parentesco têm sido modeladas, desde os primeiros trabalhos pioneiros de Lewis Morgan e William Rivers, através de estruturas que se assemelham ao que, em teoria dos grafos, chamamos de grafos mistos, em que as relações de filiação são arcos direcionados, e os casamentos arestas "bidirecionadas". Outros significados podem ser dados às ligações, como sugere David Schneider em seus trabalhos a partir dos anos 70 do século passado. Isso dá origem a um modelo estático do parentesco, em que as relações surgem (por exemplo, no nascimento) e não se alteram durante a vida da pessoa. Este modelo nos parece insuficiente para capturar a riqueza do parentesco em suas manifestações empíricas nas diversas culturas existentes. Em muitas delas as relações entre os entes evoluem no tempo, e o modelo que representa o parentesco deve ser dinâmico, evoluindo também. A morte de uma pessoa faz com que a rede de parentesco se reconstrua para explicar e sustentar as novas classificações e funções dos indivíduos. Em Matemática, sistemas dinâmicos são
estudados há mais de 100 anos, desde o trabalho seminal de Henri Poincaré. Essa natureza dinâmica se observa em diversos fenômenos da natureza, como a população de uma determinada espécie, o movimento do pêndulo de um relógio, o fluxo de água em um encanamento, etc. Nossa abordagem para o estudo do parentesco, como sistema dinâmico, deve ser capaz de reunir, em um mesmo plano analítico, objetos ecléticos como um conjunto de categorias semânticas nativas, um conjunto de normas e preferências matrimoniais e um conjunto de dados genealógicos empíricos de um dado povo, sem pressupor determinação entre eles.

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Publicado

2019-08-15

Edição

Seção

ST16 - Parentesco e tecnologias computacionais: apropriação ou colaboração?