"Linhas de investigação"

homicídios, técnicas e moralidades policiais na gestão de mortos na região metropolitana do Rio de Janeiro

Autores

  • Flavia Medeiros

Resumo

Neste trabalho pretendo apresentar alguns dos processos de investigação de homicídios observados no âmbito da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. O objetivo é refletir sobre como ao longo de relações que envolvem o fluxo entre pessoas e coisas, os policiais responsáveis pela condução de “linhas de investigação” construíam “homicídios”. Os dados etnográficos são provenientes de trabalho de campo realizado ao longo de 2014 e que resultou numa tese de doutorado em Antropologia defendida em 2016 (PPGA/UFF). Meu interesse era compreender como no país onde ocorre o maior número absoluto de homicídios no mundo - em 2014, foram aproximadamente 60 mil casos registrados no Brasil - apenas 6% destas mortes são encaminhadas para a justiça, promovendo uma grande sensação de impunidade em relação ao “crime” de matar alguém. Uma das principais razões atribuídas a esta ineficácia na administração institucional de conflitos que resultam em morte é a ausência de investigação policial. Interessada nessa questão, observei os “homicídios” como categoria central para analisar quais técnicas e moralidades policiais eram utilizadas na gestão de mortos, considerando os procedimentos de investigação e tratamento institucional de mortes na região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. 

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Publicado

2022-04-13

Edição

Seção

ST10 - Entre a Política e a Técnica: práticas de conhecimento em comparação