Em nossas próprias armadilhas

“artefatos” antropológicos em contexto

Autores

  • Diógenes Cariaga

Resumo

A reflexão a ser apresentada pretende deslocar a leitura para questões que envolvem o modo como os regimes de conhecimento e as técnicas de produção da Antropologia são objetificadas em cenários de disputa judicial, que envolvem muitos pontos de vista sobre o conjunto das diferenças nos modos e sentidos de habitar e existir. O que pretendo demonstrar passa por refletir sobre o que está em jogo quando a Antropologia e o antropólogo são mobilizados como “conhecedores-técnicos” sobre o direito às diferenças, garantidos pelo Estado Brasileiro aos índios. Não irei me ater às questões processuais, executivas e burocráticas do andamento das ações, mas trazer algumas considerações sobre como a produção destes documentos agenciam diferentes perspectivas sobre o fazer antropológico e quais relações emergem na condução destas tarefas e os efeitos etnográficos acerca da autoria e ética. Deste modo, as contribuições de Annelise Riles, Alfred Gell, Roy Wagner e Marilyn Strathern conduzem para algumas reflexões sobre os efeitos transformadores e extensivos dos conceitos em disputa que estes processos criam no modo de escrever tais documentos/textos, em que os conhecimentos antropológicos e etnográficos dos antropólogos são mobilizados a partir de uma noção “técnica”, para dar relevo a contextos onde a Antropologia é vista como um “saber-técnico-científico”.

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Publicado

2022-04-13

Edição

Seção

ST10 - Entre a Política e a Técnica: práticas de conhecimento em comparação