Compondo coletivos inclusivos

experiências de associações parciais e perspectivas para amplas associações

Autores

  • Carla Grião
  • Cláudio Bernardino Junior

Resumo

Este é um trabalho que explora as aproximações dos estudos da deficiência com a antropologia das ciências e das técnicas, campos distintos, porém com intersecções passíveis de serem exploradas. A pesquisa parte de três narrativas a respeito de inserções parciais em coletivos que possuem, a princípio, poucas traduções capazes de garantir acesso amplo aos benefícios sociais: a história de uma mulher com poliomielite de classe média que, nos anos 1980, tentava levar uma vida com autonomia na cidade de São Paulo enquanto militava em um coletivo de pessoas com deficiência que lutava por reconhecimento e inclusão na sociedade paulistana; a experiência de uma mulher de meia idade que vive no Espírito Santo, possui baixa visão e tenta produzir uma dissertação de mestrado para um programa de pós-graduação em uma universidade federal; e a mãe de uma criança com paralisia cerebral, moradora de uma região pobre na periferia de São Paulo, que precisa sustentar a família ao mesmo tempo em que se responsabilizar tanto pelos cuidados diários da filha quanto pela sua educação formal, exigência que se tornou perene durante isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19. A partir das descrições de realidades aparentemente tão distintas, buscaremos compreender as associações e traduções que compõem os coletivos em que essas mulheres estão inseridas, levantando hipóteses a respeito dos valores morais e sociais que circulam pelas conexões de suas respectivas redes sociotécnicas. Concluiremos explorando as potencialidades de inserção de novas traduções, por meio de tecnologias assistivas, próteses, planejamento urbano e arquitetônico etc., capazes de criar coletivos mais acessíveis com circulação de valores pautados na democracia e na inclusão. Desta forma, objetivamos chamar atenção para as pessoas com deficiência enquanto minoria social cujas especificidades precisam ser levadas em conta para a composição do coletivo. A baixa adesão que o assunto recebe nos campos acadêmicos brasileiros justifica a proposição desse debate em um simpósio de antropologia.

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Publicado

2022-04-28

Edição

Seção

ST17 Alianças para futuros possíveis: diversidades das potências do agir e associativismos