Blog Primavera nos dentes
uma iniciativa de divulgação científica em antropologia da educação
Resumo
Neste trabalho, descrevo e problematizo caminhos que me conduziram à concepção e administração do blog de divulgação científica Primavera nos dentes – Ensaios sobre a escola e a realidade brasileira (https://blogprimaveranosdentes.wordpress.com/). Levada ao ar em janeiro de 2020, a plataforma surgiu, a princípio, para contemplar duas frentes acadêmicas que me são caras. De um lado, a divulgação científica, com a qual me envolvi a partir da graduação em comunicação social, ao atuar com jornalismo ambiental. De outro, a antropologia da educação, que é o subcampo disciplinar ao qual me filio hoje, em decorrência de minha pesquisa de doutoramento. A pandemia da Covid-19 instaurou-se pouco tempo depois do nascimento do blog e, desde então, vem sendo temática dominante nesse espaço, dados os profundos impactos da emergência sanitária sobre o cotidiano educacional, em todos os níveis de ensino. No âmbito desse acontecimento de grandes proporções, além de ofertar conteúdo, inclusive com a colaboração de outras(os) pesquisadoras(es), o blog tornou-se guarda-chuva para o abrigo de outros três projetos, a saber: a curadoria especial de conteúdo Coronavírus & Educação, o Escola em quarentena: um registro antropológico de memórias educacionais” e o podcast Fazeres etnográficos em tempos de pandemia. Por intermédio dessa experiência, discuto pontos tais como: (i) o objetivo de fomentar, por meio da divulgação científica, um campo de pesquisas historicamente periférico, que é a antropologia da educação, projetando-a não só à sociedade mais ampla, mas também entre a comunidade acadêmica; (ii) a concretização do blog como um espaço que não só comunica meus achados de pesquisa e vivências de ensino em antropologia, como também busca promover a cooperação acadêmica entre pares; (iii) a possibilidade de o blog abarcar outros subprojetos que, por sua vez, passaram a se articular a outras redes de atores, propiciando assim resiliência acadêmica, frente a uma pandemia que se dá em meio a um governo federal autoritário, negacionista e negligente.