Racismo e vulnerabilidade socioambiental

a Batalha do Crematório como estratégia de resistência e denúncia à ameaça policial e à segregação urbana em Belém/Pará

Autores

  • Uriel Melquisedeq Lopes Coelho

Resumo

A violência policial nas periferias de Belém é um problema social intimamente ligado às dinâmicas raciais e sócio-históricas envolvidas no processo de construção do ambiente urbano. O cotidiano periférico dos jovens negros belemenses é marcado, deste modo, pelo constante sentimento de medo e incertezas causados pela profunda relação entre vulnerabilidade socioambiental e as sucessivas ameaças realizadas seja pela polícia formalmente constituída, seja pelas milícias que atuam de forma clandestina. Neste sentido, este trabalho busca dar destaque à “Batalha do Crematório” como uma estratégia de articulação cultural e política da juventude negra periférica da cidade de Belém que, através de batalhas de improviso, do rap e do hip hop, buscam alternativas de lazer e formas de denunciar o racismo, a desigualdade socioambiental e a truculência policial. Para tanto, faz-se uso do conceito de práxis de Pierre Bourdieu sendo traçados vínculos entre o repertório linguístico e as atividades realizadas pelos participantes deste evento com o contexto socioambiental em que se destacam estas experiências. A avaliação destas estratégias é importante pois evidenciam, ao mesmo tempo, a materialidade das relações que conformam a desigualdade socioambiental no contexto periférico amazônico; a atuação da polícia como responsável, em parte, pela manutenção deste modelo; e as possibilidades de utilização da linguagem como uma habilidade corpóreo-sensitiva capaz de se configurar como tecnologia culturalmente acessível e eficiente para a articulação cultural e política de grupos socialmente marginalizados.

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Publicado

2022-04-28

Edição

Seção

ST21 Experiências sentipensantes: corpos, saberes e ambientes em perspectiva