Socializando saúde ou medicalizando vida?

O uso de categorias científicas operantes em processos terapêuticos

Autores

  • Ítalo Cassimiro Costa

Resumo

Dois cenários se misturam. O primeiro, composto por agenciamentos de cuidados terapêuticos que integram noções e práticas das medicinas complementares e alternativas (OMS, 2019). Já outro, composto por um movimento político e epistêmico que discute tais práticas e diagnósticos. Trata-se de situações de pesquisa em que aparecem com frequência categorias como “social” (ou tudo que envolve fenômenos de socialização) e “medicalização” (ou tudo que envolve processos que tornam a vida resumida em linguagem e prática médica). Menos como uma separação abstrata e categórica de dois mundos diferentes, e mais como um recurso heurístico para contrapor dois caros conceitos das ciências biológicas e sociais, este trabalho visa explorar essas duas categorias científicas que operam na ordem do dia e evocam agenciamentos epistemológicos e políticos em disputa. Desse modo, os apontamentos aqui propostos serão discutidos a partir de reflexões depreendidas da minha pesquisa etnográfica em clínicas de equoterapia (terapia assistida por equinos) e em diálogo com o movimento social Despatologiza (https://www.despatologiza.com.br). Com isso, busco no presente texto circunscrever deslocamentos ontológicos que, imbricados nas noções de saúde e seus respectivos cuidados terapêuticos, operam também em um campo discursivo, epistemológico e de deslocamentos ontológicos, onde as premissas sociológicas se misturam com postulados biológicos sob categorias como “medicalização” e “socialização”.

Downloads

Publicado

2022-04-28

Edição

Seção

ST24 Tecnologias do cuidado: materialidades e afetos no compor-se com outres