Devir-fungo

Autores

  • Melanie Theresia Peter

Resumo

Uma insurreição fúngica está em curso e ameaça o embrutecimento e a mecanização dos modos de produzir conhecimento. Outras maneiras de fazer são permitidas. Aposto, apoiada em Anna Tsing, no mutualismo e na “imersão apaixonada na vida dos não humanos que estão sendo estudados”. 

Nos subterrâneos, nas ruínas, enrolados em raízes, dentro das células vegetais e humanas, em paisagens devastadas, nos cantos úmidos das malhas viventes, junto e dentro dos corpos, nas telas e nos livros, os micélios correm. Eles estão virtualmente em todos os lugares, produzem efeitos plurais; seguem encontrando alteridades, criando solo, consumindo manchas de óleo, transformando insetos em zumbis, embalando viagens psicodélicas, conectando a floresta, fermentando bebidas, reciclando as sobras da inconsequência humana, escrevendo e reescrevendo as histórias das bordas. Ensinam algo sobre o poder da contaminação, das simbioses e da permanência da vida até mesmo onde a morte já foi decretada. 

O texto coloca em relação temporalidades, fluxos e fragmentos de mundo a fim de tentar entender como experiências operam dentro dos estudos científicos da cultura. Busca horizontar um pensamento “micelial” textualizado nas descobertas, práticas e procedimentos que se dão a partir de mundos que se perdem ou se transformam, apetites/oportunismos fúngicos e recipientes. O conceito de recipiente é tomado de Elisabeth Fisher, em “Carrier Bag Theory of human evolution”, retomado por Ursula K. Le Guin em “The Carrier Bag Theory of Fiction”.

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Publicado

2022-04-28