Habitar incertezas
modos de problematizar as ciências behavioristas
Resumo
O presente trabalho propõe uma torção de abordagens da filosofia da ciência, Isabelle Stengers, Vinciane Despret e Donna Haraway, fazem das ciências behavioristas do período pós-Segunda Guerra Mundial como um passo na direção de pensar possíveis relações dessas ciências com a cibernética. Formas de habitar as incertezas trazidas pela questão do que podem vir ser as relações entre os organismos e seus ambientes, de modo a não recorrer a sistemas de equivalência que achatem as diferenças unilateralmente, podem ser sugeridos com a recuperação dos modos pelos quais os entraves entre experimentadores, dispositivos experimentais e interrogados se configuraram nas práticas das ciências behavioristas e foram problematizados pelas autoras. São ressaltadas as formas como os animais trouxeram para a produção de conhecimento feita pelas ciências behavioristas questões que não estavam previstas. A problematização das ciências behavioristas, por sua vez, segue pistas sobre como considerar a multiplicidade de afetos, de agências, de mundos que estão em questão, ainda que a proposta não seja partir de um ponto de vista dos animais. A torção proposta pelo presente trabalho vai na direção de pensar como problema os termos de equivalência (como os que colocam, com seus pressupostos, a relação entre organismo e ambiente em termos de comunicação e deslocamentos) que subscrevem a legitimidade que autoriza certos modos de conhecimento se desvencilharem de formas de habitar incertezas em densos emaranhados de relações – congelando transformações, perdas e mudanças que não podem antecipar ou conduzir.