Desenhos produzidos durante ritual transreligioso com plantas medicinais na Arca da Montanha Azul
Resumo
Pretende-se demonstrar os resultados parciais da pesquisa de campo empreendida entre os anos de 2018 e 2020 em uma casa transreligiosa no Rio de Janeiro - a Arca da Montanha Azul. Trata-se de um dos diversos centros espiritualistas espalhados pelo Brasil e que fazem o uso da ayahuasca (pensado aqui como um agente não-humano por excelência e ainda como substância capaz de facilitar o contato com outros agentes). Neste trabalho utilizo a expressão proposta por Bia Labate (2004) ao referenciar esses centros como pertencentes às religiões "neo-ayahuasqueiras". Durante o período de pesquisa em campo buscou-se interpretar a produção e o papel dos desenhos em relação ao contexto em que eram criados e de sua participação nas cerimônias. Para tanto, tratamos da questão da agência (fazendo referência ao trabalho do antropólogo Alfred Gell (1998)) que esses objetos artísticos podem exercer em relação a comunidade religiosa em estudo. Verificou-se durante a pesquisa que os desenhos produzidos durante as cerimônias sofriam agências não-humanas vinculadas a diferentes tradições religiosas.