Política e tecnicidade dos mapas

sobre o mapeamento participativo em três terras indígenas da Bacia do Rio São Francisco

Autores

  • Diego Viana
  • Maurice Seiji Tomioka Nilsson

Resumo

A Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI) proporcionou experiências de mapeamento que revelam o alcance político dos mapas como elementos técnicos. Este trabalho se debruça sobre três experiências de mapeamento de TIs no NE: povos Xocó, Pankararu e Xacriabá. Mediante o conceito de tecnicidade de G. Simondon, o trabalho examina como as experiências mobilizam sentidos e afetos desses povos, apropriando-se do mapeamento e atribuindo-lhe teor político, mostrando como mapas são elementos técnicos que expõem com símbolos as significações do território, conjugando inscrição e tecnicidade. As experiências estudadas revelam como essa conjunção faz do mapa um instrumento de atuação política, realçada pela inserção em conflitos subjacentes. Dois regimes de inscrição e significação são contrapostos no mapa: os pontos-chave dos povos indígenas e os potenciais de exploração do capital. Cada um deixa marcas no registro do território. Mapas desenhados à mão precedem as imagens orbitais por apresentarem o território sob a inscrição dos usuários originários, e são postos em simetria com as imagens. Diferentes linhagens técnicas convergem nesses processos, obtendo resultados de teor político e auxiliando os indígenas na luta pela terra: o mapa é ferramenta de transformação/planejamento e também de sedimentação e estabilização.

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Publicado

2022-04-28