Tempo Ogúnico

uma interpretação da agenda neocolonial contemporânea a partir de personagens conceituais do Candomblé Nagô

Autores

  • Luiz Carlos Pinto da Costa Júnior

Resumo

Prever e modificar o comportamento humano, controlar mercados e influenciar escolhas políticas de países inteiros. Essas são algumas das principais características do que vem sendo chamado de capitalismo de vigilância —  há muitos outros nomes para as consequências das mudanças em andamento no Capitalismo em função das tecnologias da informação e comunicação e suas conexões com processos extrativos e financeiros de produção de valor. Todo o amplo e complexo  conjunto de fenômenos associados também pode ser interpretado como um neocolonialismo muito específico, porque baseado na extração de dados pessoais em grandes proporções. Como em outras etapas colonialistas, esta também se caracteriza por se constituir num investimento na morte, a partir de um modelo de dominação que elimina seres e atenta contra subjetividades; tal investimento reflete uma conhecida matriz de dominação e de violência. Tais características são exploradas no artigo, que propõe uma leitura desse processo em um diálogo com uma cosmologia não ocidental. A questão que o texto coloca é: que elementos e personagens conceituais do Candomblé Nagô (ketu), e das cosmotécnicas  associadas, nos ajudam a recontextualizar as tecnologias atuais e a reagir em sintonia com a tradição latino-americana de insurgência contra-colonial? Assim, a reflexão faz uso do Axé de Ogum (o Orixá da guerra e das tecnologias) como operador analítico maior do contexto contemporâneo, ao mesmo tempo em que sugere uma agenda de pesquisas que inclui uma resposta educativa.

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Publicado

2022-04-28

Edição

Seção

ST05 Tecnopolíticas, Cosmopoliticas: conflitualidades e modos de saber face ao plantationceno