Um olhar antropológico sobre o mercado de eventos na COVID-19

conflitos entre a temporalidade da razão econômica e a produção de tecnologia

Autores

  • André Guilherme Moreira

Resumo

Com a chegada da pandemia da COVID-19 no Brasil, em março de 2020, as autoridades brasileiras tomaram inúmeras medidas para regular ou mesmo proibir diversas atividades econômicas com o objetivo de evitar aglomerações e reduzir a taxa de contágio. Diante desse cenário, o setor de eventos foi um dos mais impactados, pois a paralisação de suas atividades levou o faturamento de muitas empresas a R$ 0,00.  Como reação, as empresas passaram a investir na produção de tecnologias que permitissem “gerar caixa no mundo online” e diminuíssem a dependência do “mundo offline”. A partir do trabalho de campo em uma empresa de eventos realizado em meio a Pandemia da COVID-19, busco analisar as relações - de afastamentos ou aproximações - entre a temporalidade da produção de tecnologia, pensada como necessária para a inovação e lucratividade do setor, e a temporalidade da razão econômica que pauta as decisões da diretoria da empresa. Para tal me inspiro nos trabalhos de Yanagisako (2002) e Pardo-Guerra (2019) que discorrem, respectivamente sobre o processo decisório de sócios e diretores de empresas a partir de suas trajetórias históricas pessoais, e sobre as histórias dos engenheiros que produzem a tecnologia e fazem funcionar o mercado. Na esteira da proposta de Laura Bear (2014), utilizo a teoria do tempo de Gell (2014) para analisar os mapas temporais produzidos a partir do trabalho no/do tempo, e seus efeitos na experiência subjetiva das pessoas e nas relações de dominação. O intuito é refletir sobre como, no amplo processo de digitalização da vida, há uma expectativa de agentes econômicos em criar mercados a partir de certas tecnologias, que faz surgir certos conflitos e incompatibilidades entre os mapas temporais da razão econômica e da produção de tecnologia.

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Publicado

2022-04-28