Para o capitalismo de vigilância, todo corpo é negro

Big tech acelera processos que universalizam a experiência necropolítica do Sul global

Autores

  • Meghie Rodrigues

Resumo

Este ensaio visa elaborar algumas questões sobre as relações entre capitalismo e tecnologia, especialmente nas suas manifestações como capitalismo de dados (SADOWSKI, 2019) e capitalismo de vigilância (ZUBOFF, 2015, 2019) em suas práticas de extração de dados e na produção de instrumentos preditivos de comportamento. O texto se debruça mais atentamente sobre alguns modos de funcionamento do capitalismo de vigilância, como elaborado por Shoshana Zuboff, e busca suas raízes na extração de excedente comportamental, acumulado pelas empresas de tecnologia pela despossessão de seus produtores (HARVEY, 2004). O ensaio busca mostrar, então, que os processos de objetificação (MBEMBE, 2016) e despossessão que são agora acelerados e universalizados pelo capitalismo de vigilância já eram vivenciados – há muito tempo – pelas populações negras no mundo todo. Por fim, algumas observações de como estes processos se aceleraram e se aprofundaram durante a pandemia de Covid-19, e sobre a necessidade de se pensar alternativas possíveis a estes processos – e como movimentos como a greve dos entregadores de aplicativo em julho de 2020 aponta indícios para outros caminhos.

Downloads

Publicado

2022-04-28