Como amar uma planta
experiência, diversidade e relações multiespecíficas no semiárido paraibano
Resumo
Neste artigo, por meio de algumas histórias que envolvem conexões e vínculos entre humanos e plantas no semiárido paraibano, local onde realizo pesquisa desde 2015, pretendo oferecer um relato desta rede de conhecimentos tradicionais que ainda se mantém nesta região a despeito de todas as investidas de colonizar os corpos humanos e mais que humanos que ali habitam. O caso etnográfico que apresento pode ser descrito como uma guerra de mundos que não se resume apenas a conflitos propriamente bélicos. Travada também no plano ontológico, a violência se apresenta de maneira difusa, não diretamente através do sangue jorrado no chão, mas incidindo na morte de diferentes maneiras de existir. Trata-se como afirmou Marisol de La Cadena (2018), de uma “guerra silenciosa” em nome do progresso, sobre o que pode ou não existir segundo distintas ópticas de mundo. Ou ainda nos termos de Vandana Shiva (2003), uma luta entre sistemas de saber, cujo campo de batalha se constitui em essencial nas diferentes maneiras de estabelecer relações com a terra.