Nos bastidores de um Webinário da Agrossociobiodiversidade

notas etnográficas dos diálogos entre pesquisadores em tempos de pandemia

Autores

  • Cristiane Tavares Feijó
  • Rumi Regina Kubo
  • Irajá Ferreira Antunes

Resumo

O presente artigo emerge da pesquisa de Pós-Doutorado, então motivada pelos desafios que afloram cotidianamente na esfera científica e na interface política, e consequentemente, na sociedade. A ideia principal é contribuir com os estudos e reflexões oriundos da Antropologia da Ciência e da Técnica, no que tange, especificamente, as relações estabelecidas entre os diferentes sistemas de conhecimentos. Para isso, estamos empenhadas(o) em seguir os caminhos da(s) ciência(s) e tecnologia(s), trazendo também como referência as relações construídas desde o Doutorado, entre o período de 2015 a 2019. Neste caminho à Embrapa Clima Temperado, através dos seus projetos no contexto denominado pelas práticas e conhecimentos dos guardiões de sementes crioulas, na conservação da agrobiodiversidade, segurança e soberania alimentar, é o fio condutor para compreendermos as construções, interações, convergências e conflitos no mundo da Ciência e Tecnologia. A partir dos bastidores do primeiro “Webinário de Agrobiodiversidade e Segurança Alimentar”, realizado pela Embrapa Clima Temperado, localizada no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul (RS), buscamos analisar como o processo de construção e organização do Webinário, no contexto do ofício científico e suas diferentes relações, têm interferido direta ou indiretamente nas ações inscritas pelos discursos da conservação da agrobiodiversidade. Pode-se afirmar de antemão que a nossa escrita etnográfica virtual, tem sido afetada pelo entusiasmo dos pesquisadores em aprofundar seus debates, um tanto subversivos, sobre as temáticas da agrossociobidiversidade, da erosão genética, e dos riscos que se inscreve pela contaminação das sementes tradicionais por transgênicos, em um contexto formulado pela revalidação da ciência na sociedade brasileira. Além disso, pode-se dizer que tais temas em questão ganham uma nova repercussão no interior da Embrapa contribuindo com a ampliação das suas interações entre pesquisadores, instituições, e organizações civis. Acredita-se que na medida em que o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), passaram ser ferramentas essenciais no ano de 2020, diante da crise sanitária mundial ocasionada pela COVID-19, o rumo da ciência produzido na Embrapa inscreve-se por novos postulados de uma inteligência coletiva, e uma cosmopolítica local, em defesa das vidas das pessoas, das variedades e espécies de sementes, sejam elas denominadas tradicionais e/ou crioulas.

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Publicado

2022-04-28

Edição

Seção

ST28 Ecologias biotécnicas: sistemas técnicos, manipulações e formas de vida emergentes