“O mundo é intra-atividade em seu diferencial”
Descrevendo relações nas ruínas do plantationoceno
Resumo
Neste trabalho vamos tratar de como lugares e paisagens emergem a partir da relacionalidade entre humanos e outros seres-outros-que-humanos. Para esse exercício vamos nos deter em situações etnográficas onde buscamos historiar relações em ecologias tensionadas por infra-estruturas da plantation agroindustrial e da produção de energia em paisagens de multitudes de seres visíveis e invisíveis de povos indígenas e beiradeiros na Amazônia e na Mata Atlântica. Nossa proposta é refletir sobre o potencial do conceito de intra-ação, formulado por Karen Barad, como ferramenta para descrever relações na antropologia. Intra-ação, ao contrário da ideia de interação (que trata de relações entre entidades dadas de antemão), refere-se a uma ação simultaneamente recíproca, em qe as separações dos componentes de um fenômeno se dão a partir de resoluções locais para a indeterminação ontológica geral. E é nesses momentos em que as paisagens podem se tornar aparentes. Nosso argumento etnográfico é que paisagens tornam-se-com por meio de intra-ações diferenciantes. As intra-ações em curso são práticas discursivas materiais ou performatividades da multiplicidade de processos vitais por entre temporalidades diferenciantes, e é por meio destas práticas e dos seus padrões de recorrência e exclusão que certos limites, por exemplo entre espécies ou identidades, ou organismos e mundo, ou entrelugares, são promulgadas e executadas: “o mundo é intra-atividade em seu diferencial”. Junto com Barad, contar histórias dessas paisagens, em si um processo de materiação, implica uma responsa-habilidade, uma preocupação com práticas de justiça por-vir que anima a apresentação esse trabalho.