O risco de novas epidemias nos nexos entre humano, animal e meio ambiente

Autores

  • João Miguel Diógenes de Araújo Lima UnB

Resumo

Surtos e emergências sanitárias ocorridos nas últimas décadas, como a gripe suína e a COVID-19, têm suas origens atribuídas a um contato próximo entre humanos e animais. Sob a influência de fatores epidemiológicos e ecológicos, há um “spillover”, um transbordamento zoonótico que faz um patógeno saltar de um não humano para um humano, provocando doenças. Desde antes da pandemia de COVID-19, estudos indicam o potencial de surgir no Brasil novas emergências sanitárias com potencial epidêmico, principalmente nas frentes de desmatamento, de avanço extrativista e nas fronteiras agropecuárias. Nessas frentes, há encontros interespécies inesperados que bagunçam o equilíbrio ecológico e produzem riscos socioambientais, acentuando o quadro de mudanças climáticas já em curso. No entanto, ao invés de um enfoque exclusivo em seres humanos, torna-se imperativo considerar as relações de influência mútua entre meio ambiente, saúde humana e saúde animal, tal como preconizado pela abordagem de Saúde Única (One Health). A pesquisa transita na interface entre os estudos sociais da ciência e da tecnologia e a saúde com o objetivo de conhecer as estratégias de cálculo de risco de transbordamento zoonótico no Brasil e das novas epidemias. O consumo humano da carne de espécies animais que vivem na natureza, por exemplo, é a corporificação mais orgânica do risco à saúde planetária e aos futuros.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST05 Reativando a complexidade: corporificando, localizando a saúde humana e planetária