Uma ecologia das práticas na Ginecologia Natural
Notas sobre os encontros e as rupturas de uma médica ao investir em uma medicina para as mulheres
Resumo
O ensaio retoma trechos de uma entrevista realizada em 2023 com a Dra. Debora Rosa, médica brasileira especialista com reconhecida atuação em ginecologia natural, para discutir os motivos que atualmente delimitam quando um conhecimento é nomeado como ciência válida e quando é nomeado como curanderia ou crendice sem valor, nos atendimentos relacionados à saúde da mulher. Em sua atuação profissional clínica e acadêmica, Dra. Debora Rosa menciona antibióticos, banhos de ervas, cirurgias e vaporizações do útero como procedimentos que têm o mesmo nível de importância. Ela retoma a ciência dos homens brancos, o conhecimento das mulheres de cor, a sabedoria das plantas e ervas. Equipara protocolos da medicina formal às receitas oriundas dos saberes localizados de mulheres afro indígenas. Tudo isso gera uma conduta, uma ecologia de práticas, ainda pouco frequente na ginecologia brasileira. Um trabalho que atrai cada vez mais adesão de mulheres e críticas dos conselhos dos profissionais de saúde que ainda não reconhecem a ginecologia natural como uma especialidade médica.