Drosófilas/moscas-das-frutas como objetos complexos e instáveis no Antropoceno

Ecologias múltiplas no discurso científico

Autores

  • Nikolas Rublescki UFRGS

Resumo

A partir de um trabalho etnográfico em andamento em um laboratório de pesquisa genética e zoológica do Sul do Brasil, discute-se a ecologia das drosófilas/moscas-das-frutas em processos de urbanização e alteração ambiental no Antropoceno. Tomando ambos os termos (drosófila e moscas-das-frutas) como unidades culturais construídas em discursos de naturezas distintas (científico e popular), propõe-se que esses animais podem ser concebidos como objetos complexos e instáveis dentro da crise animalitária do Antropoceno. Isso ocorre porque, quando considerada a diversidade de espécies generalizadas pela unidade cultural ‘moscas-das frutas’, e semi-individualizadas pela unidade cultural ‘drosófilas’, esses insetos sinantrópicos assumem uma complexa gama de ecologias aparentemente antagônicas. Deste modo, podem ser caracterizados como invasores domésticos, pragas urbanas, pragas de lavouras, espécies nativas em crise, espécies exóticas/invasoras, bioindicadores de poluentes químicos, proliferantes em processos de urbanização, ou mesmo como animais negativamente afetados pela vida nas cidades. A partir do discurso científico sobre as drosófilas no Antropoceno, produzido dentro das Ciências Biológicas, são comparadas as diferenças e similaridades na produção de significado e complexidade para esses animais, em relação ao discurso popular sobre os mesmos.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST09 Extinções, invasões, proliferações: ecologias ferais no Antropoceno